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Posts Tagged ‘RPG’

Hoje resolvi escrever… Há alguns meses atrás tentei repaginar meu blog. Pensei em mudar de nome, escolher um tema ou temas específicos. Mas nada saiu da intenção. De nada adianta mudar tudo, se daqui a pouco vou desanimar novamente com a escrita. Portanto, hoje, resolvi propor algo diferente. Primeiro vou voltar a manter uma certa frequência de escrita. Depois, decido o que faço.

Ao retornar para meus devaneios escritos, pensei em um amigo de longa data, meu único amigo virtual, o querido Thales Pingo! Pois este sempre incentivou minha escrita. Por mais ruinzinha que seja… haha Sendo assim, faço questão de mencioná-lo na minha tentativa de retorno ao blog.

Vamos ao que interessa. As últimas vezes que escrevi, foi para o blog chamado “Taverna do Goblin”, basicamente era um blog nerd, com assuntos nerds, voltados para o público nerd! Sendo assim, escrevia sobre filmes, livros e RPG. Vou reabrir meu blog, aproveitando o clima de páscoa, ressucitando um desses posts, até porque o site acabou saindo do ar… Mas era a época que minha audiência era a maior!

Bem… Espero que dessa vez minha escrita engate!

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RPG terapêutico

“- O que você vai fazer hoje?”

“- Hoje tem jogo de RPG.”

Não é incomum, quando surge esse assunto, perder pelo menos alguns minutos do meu dia tentando explicar para a pessoa o que vem a ser RPG… E claro que não me refiro a Reeducação Postural Global, da fisioterapia…

Mesmo hoje em dia é impressionante que muitas pessoas não saibam o que é, ou pior, conheçam, mas continuam com preconceitos em relação ao termo e a sua prática. Tenho amigos que jogam RPG há mais de 10 anos, e até hoje escondem dos pais… Devido informações enviesadas que estes receberam ao longo da vida…

Porém, o que muitos ignoram, é que existem vantagens psicológicas enormes por trás do Role-playing, seja ela acompanhado do ‘game’ ou não…

Dentro da Psicologia, existem diversas abordagens de atuação, muitas maneiras de ver o ser humano e seus comportamentos (Psicanálise, behaviorismo, gestalt, sócio-histórica…) e cada uma dessas filosofias possuem técnicas diferentes de se atuação. Dentre elas, há o Psicodrama.

O Psicodrama foi criado por Jacob Levy Moreno, por volta de 1925. E um dos instrumentos do Psicodrama é o Role Playing (RP) ou jogo de papéis. O Role Playing é utilizado com o objetivo de desenvolver os diversos papéis que vivemos e assumimos na sociedade.

A estratégia utilizada, tanto pelo RP como pelo RPG, são praticamente a mesma. Porém com objetivos diferentes, e interpreta-se papéis diferentes.

Geralmente, no RP terapêutico, você interpreta papéis reais em um mundo real. Você pode ser sua mãe, seu pai, seu chefe, ser você mesmo em diversas situações. Interpretando tais pessoas e/ou papéis você passa a perceber como você os visualiza, como interage com eles, e se eles realmente correspondem a realidade ou não, se estão de acordo com seus valores, com sua visão de mundo e com o que a realidade exige… Trabalha também questões de improvisação, de habilidades interpessoais, criatividade e questionamento da sociedade, da cultura, dos outros e de nós mesmos. Só não há ficha: “Quanto de HP tem sua mãe?”, nem rolar de dados: “Você perdeu a discussão para o seu chefe, porque, apesar de você tirar um número melhor no dado, ele tinha bônus devido ao background ‘ser chefe’.”

Já no RPG você é um personagem inventado em um mundo fictício. Porém quem nunca interpretou traços que odeia, ou características que gostaria de ter, mas não possui, ou mesmo já percebeu que aquele personagem tem muito de você ou não tem praticamente nada… E, mesmo sem perceber, nos pegamos analisando a situação, a cultura e a sociedade do cenário no qual estamos jogando para descobrir qual a melhor forma de agir e interpretar, qual papel o nosso personagem deve incorporar naquele momento. Além disso, podemos perceber com muita clareza, como os traços de personalidade e ações de nossos personagens influenciam o cenário, o grupo e até o andamento de nosso próprio jogo.

Essas análises nos permite transpor para o mundo real um pouco mais de conhecimento sobre nós mesmos, sobre como as coisas funcionam no mundo e como lidar com pessoas diferentes em situações diferentes. Possibilita também, melhorar nossas habilidades interpessoais, nossa capacidade de improvisar e de resolver problemas e conflitos. Além de proporcionar diversão, histórias que serão lembradas e muito provavelmente contaremos aos nossos filhos, que esperamos nós, também jogarão RPG…

Mesmo quem nunca parou para analisar essas relações, de forma indireta e menos potente, se beneficia de todos esses aspectos… Pois é algo que se vive, que se experimenta. Que envolve ações concretas em um mundo imaginário, mas em uma mesa real, com traços reais de personagens e com situações que permitem diversas metáforas com nossa realidade.

Claro que, como o RPG não possui o objetivo prioritário de terapia, o RP do Psicodrama torna-se uma opção muito mais eficiente para nos trazer a consciência todos esses aspectos críticos e de autoconhecimento. Porém, não podemos descartar a possibilidade e os benefícios existentes em uma mesa de RPG.

E agora que você leu isso e tomou consciência de todos esses fatos, muito provavelmente, fará seu próximo personagem e seu próximo jogo com muito mais consciência e análise à relação existente entre seu personagem e você, entre o cenário e a realidade, e todas as relações existentes entre o RPG e sua vida e nossa sociedade. Otimizando, assim, muito mais as potencialidades e benefícios psicológicos do RPG…

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